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terça-feira, 29 de março de 2011

Sociedade em crise

 


Vivemos tempos difíceis, a despeito da modernidade. A sociedade está em crise. Convivemos com o pouco apreço pelos valores éticos e de respeito pelo semelhante. Os relacionamentos interpessoais estão a cada dia mais complicados. Hoje em dia, a dificuldade de ter um amigo fiel é enorme. Não adianta ter “amigos” no Facebook, no Orkut, pois quando você morrer, nenhum deles irá ao seu enterro.

Salvo raríssimas e honrosas exceções, as pessoas demonstram um comportamento egoísta e antiético. Deixam-se levar pelos postulados do mercado – sempre excludente – entre eles, o consumo: o carro importado, a televisão de 24 polegadas, o celular com diversas ferramentas, o corpo esculpido nas academias, ou nos consultórios dos cirurgiões plásticos.

A vida virou uma correria desenfreada. Parece que não há mais espaço para um encontro desinteressado, cujo único objetivo seja uma conversa informal. Recordar passagens interessantes da própria vida. Cuidado quando for convidar alguém para um programa semelhante. A chance de você ouvir um não é grande. “O cara só fala de coisas passadas. Troço chato” – é uma crítica muito comum. Ser saudosista soa quase como um pecado. Mas recordar é bom. “Aumenta o espírito, oxigena a alma”. Não me lembro o nome do autor da frase, por isso está entre aspas.

Além da ética e do respeito ao próximo, como já assinalado acima, as pessoas não estão preocupadas com valores ideológicos e religiosos. Grassa o individualismo. O escritor Frei Betto, em uma das suas crônicas, definiu a questão como “ a destemporalização da existência à desculpabilização da consciência”.Tudo isso, como não poderia deixar de ser, tem um preço. São as doenças de caráter psicológico. É fácil constatar isso pelo número de viciados em drogas e bebidas.

 As pessoas, independentemente da sua posição social, estão com problemas na alma, feridas emocionalmente, com sérios problemas familiares, deprimidas. Carregam ressentimentos e mágoas pela vida afora. Traição do cônjugue, injustiça do chefe no trabalho, decepção com um familiar ou com um amigo, um bom emprego nunca alcançado, problemas com os filhos, sonhos desfeitos, sentimentos de culpa, geralmente por ter maltratado alguém, entre outras coisas.

São feridas emocionais que, se não forem tratadas com seriedade, a vida perde o brilho. O coração vai ficando endurecido. O ódio e a sede vingança passam a fazer parte dos planos. A pessoa fica prisioneira dos seus próprios sentimentos. Os consultórios de psicólogos e psicanalistas estão cheios de pessoas assim.

Na semana passada fui convidado para ministrar um culto evangélico dominical à noite. Meu tema foi a crise de valores da nossa sociedade. Na saída, um jovem me perguntou se existe uma solução. Sim, respondi. As pessoas têm que mudar a postura pela qual encaram a vida, que deve ser vivida sem egoísmos, preconceitos de qualquer ordem, respeito pelo semelhante, e compaixão com os menos favorecidos. A compaixão é um tema que perpassa todas as religiões. Outra questão importante é perdoar os que nos ofenderam, traíram ou prejudicaram. Perdoar nem sempre é fácil. Mas não custa tentar. O perdão é a terapia da alma. Creia nisso.

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