Major BM desabafa publicamente e é preso

Estou na PM há de 10 anos, aproximadamente, o coldre que tenho é meu, a farda comprei, o coturno  parcelei no cartão, o gorro também, e mesmo estando na lei, só recebi duas fardas, e estas não deram em mim, veio número 38. Quem usa 38 na PM afinal? Eu não, com certeza peso mais de 50 k.

 

Autor: Danillo Ferreira

O que será preciso para que mudanças ocorram nos regulamentos que pesam sob os ombros dos policiais e bombeiros militares brasileiros? Quem não percebe que a falta de liberdade de expressão numa instituição pública gera o cometimento de abusos e distorções clandestinas? Até quando os governos terão a vergonhosa postura de se aproveitar do silêncio imposto aos policiais para relegá-los à semi-cidadania? Essas perguntas devem ser feitas por todos, policiais ou não, frente a um caso (mais um!) em que um Major do Bombeiro Militar de Alagoas foi preso após desabafar e denunciar publicamente a carência estrutural de sua corporação.

O Major Carlos Burity, que não poderá ser acusado pelo arautos da disciplina de “político”, já que aparentemente nunca passou próximo de qualquer tipo de partidarismo eleitoral, estava à frente duma operação bombeiro militar em que faltou água para combater o incêndio. Os comerciantes que tiveram suas lojas atingidas pelo incêndio, naturalmente, reclamaram do Bombeiro, que não pôde realizar seu trabalho no tempo devido, por falta d’água. Após ouvir as acusações de ineficiência e incompetência, o Major Burity prestou as seguintes declarações:

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Por suas palavras, o Major foi punido com três dias de detenção, e o Secretário de Defesa Social de Alagoas justificou em seu twitter do seguinte modo a medida:

De fato, a medida adotada nos remete a valores existentes há muitos séculos, quando a coisa pública era tida como um bem pessoal, tendo como princípio e fim a manutenção do poder particular do mandatário.

O incrível é que os governos ainda não perceberam que a repressão a essas iniciativas dão notoriedade ao reprimido, e negativam sobremaneira o governo, que logo é taxado de intolerante e anti-democrático. Mesmo não conhecendo o Major BM Carlos Burity, me solidarizo com sua coragem e com o sentimento demonstrado contra a crítica injusta a homens e mulheres que se doam ao serviço público, e que muitas vezes não conseguem fazer o seu papel por falta de  estrutura, equipamentos, enfim, condições de trabalho. 

Acessem o twitter do Major aqui, o blog aqui e o orkut aqui.

PS: Como bem observou o colega twitteiro Flávio, a frase emblemática nas palavras do Major é “O capacete é meu!”.