Se em último caso a greve se tornar inevitável, você é:

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMERJ) protestam e sofrem represálias



A Constituição veda o direito de greve aos militares brasileiros, motivo pelo qual muitos policiais e bombeiros militares já foram punidos inclusive com a pena de demissão – não obstante o último Presidente da República ter anistiado boa parte desses policiais. Impedidos e temerosos de realizarem movimentos paralizatórios, os policiais e bombeiros geralmente fazem passeatas, assembléias e manifestações públicas para desabafar e cobrar seus direitos. Tudo de maneira ordeira, pacífica e transparente. Foi o que ocorreu no último domingo, 17 de abril, no Rio de Janeiro, quando os bombeiros militares do Rio de Janeiro realizaram uma manifestação na orla de Copacabana:
“RIO – Guarda-vidas e representantes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar realizaram hoje pela manhã um protesto na orla de Copacabana, na Zona Sul da cidade. O objetivo dos manifestantes, todos não-fardados, foi serem recebidos amanhã ou terça-feira pelo governador Sérgio Cabral para discutir aumento salarial e melhores condições de trabalho, principais reivindicações da classe.”
Leia mais n’O Globo
Além da reivindicação salarial, já que os bombeiros do Rio de Janeiro ganham um dos piores, se não o pior, salário entre os bombeiros do Brasil (pouco mais de R$900,00 por mês), um cenário desolador é descrito pelos manifestantes:

“- Trabalhamos o dia inteiro no sol e não temos nem filtro solar. O pouco que usamos recentemente foi sobra de um curso e está com data de validade vencida. Colegas nossos estão com câncer de pele. E não temos nadadeiras, rescue-tubes (boia especial para salvamento), nem pocket-masks (máscaras de ventilação para uso em afogados) – reclama um manifestante. – Não dispomos de viaturas, jet-skis, quadriciclos e nem ao menos de binóculos. Os postos de salvamento são inadequados e a nossa escala, que é de 12 por 36h, é altamente nociva à saúde. E os guarda-vidas de fora da capital não têm lugar para trabalhar, para se alimentar e nem para ir ao banheiro. Queremos também que não haja, contra nós que estamos participando do movimento, qualquer retaliação, tal como expulsão, prisão, suspensão ou remoção.”
Mas, apesar das características pacíficas e não-grevista da mobilização, bombeiros militares do Rio de Janeiro sofreram represália do Governo, conforme denunciou o jornalista d’O Globo Jorge Antonio de Barros, em seu blog:
“O Boletim interno do Corpo de Bombeiros divulgou ontem no início da noite a lista de 36 bombeiros guarda-vidas que foram transferidos de unidades em consequência de participação na manifestação pacífica realizada no domingo passado na orla de Copacabana. Nesse protesto, agentes do serviço reservado do Corpo de Bombeiros apreenderam uma das faixas que seria levada por um avião, impedindo até mesmo a decolagem da aeronave, no Aeroporto de Jacarepaguá.”
Leia mais no Repórter de Crime.
Pior: o comando dos bombeiros confeccionou memorandos aos BM’s para que os participantes da manifestação se acusassem, visando não sei que tipo de medida.
Se uma categoria profissional não pode se manifestar e se expressar apontando a precariedade de seu ambiente de trabalho, nem denunciar a parca remuneração a que estão sujeitos, ela estará condenada à escravização, onde tudo se pode fazer e cobrar do trabalhador, e nada é visto como abuso do patrão. No final das contas, parece que os governos tentam sempre chegar o mais próximo disso. Tolos são os trabalhadores que se calam e intimidam.

PS: No momento em que escrevo, outra manifestação está sendo realizada pelos Bombeiros do Rio. Boa sorte a todos, e que seus intentos sejam alcançados.

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